terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Fã da Manchete compra uniforme e coleciona objetos referentes a antiga emissora dos Bloch e aprende computação gráfica sozinho por paixão pela TV

Ricardo comprou um uniforme com o logotipo da Revista Manchete que é o mesmo utilizado na rádio ainda no ar
Camisa produzida pela Dellerba





















Por Rennan Rebello

A paixão pela televisão é algo que faz parte da cultura brasileira, porém, este amor pela 'telinha' pode ter proporções muito além da relação entre programas e espectador. O caso do paulista Ricardo Alves Ruiz, de 31 anos, que é um apaixonado por emissoras de TV como Globo e SBT, porém, seu coração bate mais forte quando o assunto é a Rede Manchete (1983-1999) a ponto  de fazê-lo comprar artigos que façam menção ao extinto Grupo Bloch, como um enfeite de um M (a logomarca da TV Manchete) e um uniforme antigo com a logomarca da antiga Revista Manchete que ainda é utilizada pela Rádio Manchete ainda no ar, esta camisa foi fabricada pela marca Dellerba, que marcou época no futebol brasileiro, por ser responsável por uniformes icônicos como a do Bragantino, vice-campeão do Campeonato Brasileiro, em 1991. 

"Eu comprei esta camisa no Mercado Livre, e normalmente sempre pergunto onde a pessoa conseguiu tal objeto, no caso da camisa, a pessoa que me vendeu faz ideia (da origem da camiseta) pois costuma pegar as camisas em lotes com outras. Na época, custava 200 reais mas consegui comprar por R$150. Eu não uso esta camisa no dia dia para não desgastar, mas se eu tivesse duas iguais eu usaria uma delas com certeza. Eu coleciono qualquer coisa que seja de televisão. Tenho toalha de praia da TV Globo, um pôster gigante do SBT, um logo da Rede Manchete que ficava na parede do prédio no Rio (sede do Edifício Manchete no bairro da Glória), canecas da Globo, canoplas de microfones e etc. Tenho até uma camisa da TV AlJazeera (do Catar)", disse Ricardo, em entrevista para a reportagem do blog Memórias da Manchete e Grupo Bloch. 

Dentre todas as suas paixões televisivas, a Rede Manchete, é a que está em primeiro lugar em sua preferência devido ao modelo de programação da extinta emissora que tinha como slogan 'TV de primeira de classe'. Porém, o gosto pela Manchete surgiu após o seu fim, em 1999.

"Comecei a gostar da Manchete por causa da Angélica que trabalhou lá (como apresentadora) mas tenho poucas lembranças da emissora como o (desenho japonês) Cavaleiros do Zodíaco e algumas novelas. Porém, a partir dos anos 2000, comecei a me interessar mais pela Rede Manchete. Para mim, não teve uma outra emissora igual a ela. Entre 2003 e 2004, passei a estudar e lia na hora do recreio, na escola, uma Revista Manchete de 45 anos e passei a pesquisar. Gosto muito do estilo de dramaturgia que a Manchete tinha, fora a Globo, a Manchete era a melhor e tinha um estilo cinematográfico, o que se faz hoje em dia. Se eu tivesse muito dinheiro, eu traria a TV Manchete de volta mas retornaria com o estilo de programação que a emissora fazia durante os anos 80 e 90. Porque é isso que as pessoas sentem falta, acredito que um projeto deste porte só seria viável na TV por assinatura. Até hoje sigo procurando artigos da Manchete para comprar na TV mas é algo muito difícil quando não são caras. Já vi muitas coisas à venda no Mercado Livre, vi até uma vez a bancada do telejornal Manchete sendo vendida. Eu fico triste em ver essas coisas largadas pois esses itens deveriam estar preservados em algum museu", relatou. 

Este amor também lhe fez adquirir outras habilidades além do colecionismo e conhecimento enciclopédico do ramo televisivo. Já que ele aprendeu a trabalhar com computação gráfica (CG) de maneira autodidata e como hobby recria vinhetas clássicas e aberturas de programas que ficaram famosas na televisão brasileira. Tendo o designer alemão Hans Donner - que revolucionou o departamento gráfico da TV Globo - como sua maior inspiração.
Hans Donner é inspiração
de Ricardo como designer gráfico

Toalha de praia de Ricardo
Camisa da TV Aljazeera do Catar também
faz parte da coleção de itens da TV de Ricardo
"Infelizmente não tenho nenhuma graduação e nem cursos. No entanto, eu sempre quis mexer com computação gráfica por conta dos trabalhos dos Hans Donner e eu tenho o sonho de conhecê-lo algum dia pois tenho muitas coisas a perguntar. Sempre fiquei deslumbrado com as vinhetas que ele produzia na Globo. Meu interesse nesta área começou nos anos 2000, porém, só em 2014, consegui, pela primeira vez, fazer alguma coisa em (animação) 3D, porque antes eu não tinha acesso a internet, então não tinha como ter acesso aos softwares e aos tutoriais. Apesar disso, não tenho vontade de trabalhar nesse setor de CG porque quero trabalhar em muitos setores da televisão e ainda almejo algum dia fazer uma faculdade de Rádio e TV para trabalhar com televisão que é meu maior sonho. Já pensei em tentar um emprego no SBT pra trabalhar na área de arquivos de mídia da emissora, mas acho que não conseguiria por morar um pouco longe e principalmente por não ter ainda qualificação", finalizou o paulista que está desempregado há três anos e seu último emprego foi como vigia e segue sendo um aficionado e estudioso de tudo relacionado ao 'mundo' da televisão.

Atualização

No dia 23 de fevereiro, a ex-funcionária da Rede Manchete, Suzane Halfoun, que trabalhava como operadora de caracteres no Estúdio News, responsável pelo departamento de jornalismo, informou a este blog que esta camisa era utilizada por pessoas que trabalhavam como auxiliar de serviços gerais nos estúdios de Água Grande, em Irajá, antigo centro de produção de dramaturgia da emissora dos Bloch na Zona Norte do Rio.



Em 2017, Ricardo Ruiz criou uma vinheta fictícia aos 34 anos da Rede Manchete 
que encerrou suas atividades em 1999  


Em 2001, Ricardo recriou a vinheta de assinatura do Jornal Hoje da TV Globo



Fotos extras da reportagem









Detalhes da camisa da equipe da TV Aljazeera do Catar que Ricardo adquiriu na internet









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