terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Carnaval da Manchete | O 1º carnaval na Sapucaí da Revista Manchete

Por Rennan Rebello*

Há 36 anos as escolas de samba do Rio de Janeiro deixaram de desfilar na Rua Marquês de Sapucaí e  a população deixou de conviver com o transtorno e os gastos excessivos e desnecessários na montagem e desmontagem de arquibancada móvel para começaram a desfilar no complexo do sambódromo da Marquês de Sapucaí, uma obra pública (que tornou-se referência no Brasil) que foi empreendida pelo governo estadual que tinha Leonel Brizola (1922-2004) como governador e o antropólogo Darcy Ribeiro (1922-1997), como vice, que era um grande entusiasta por esse projeto, já que concebia a ideia de que este empreendimento projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer - como foi publicado na primeira matéria da série 'Carnaval da Manchete' neste blog - poderia servir como uma forma de mesclar cultura popular e edução pública de qualidade sediando uma escola em seu interior. Inclusive o nome da avenida onde as agremiações desfilam foi batizada como 'Passarela Professor Darcy Ribeiro'. 

O primeiro desfile, em 1984, não foi apenas marcante para a história do Rio, mas também ao extinto Grupo Bloch, já que a emissora do gráfico ucraniano Adolpho Bloch (1908-1995), a Rede Manchete (1983-1999) havia sido inaugurada no ano anterior e fazia - de forma exclusiva - a primeira transmissão televisiva diretamente da Sapucaí. Este fato, fez todos os profissionais da Manchete a caírem no gosto popular. Tanto que durante anos teve um 'bloco' carnavalesco organizado por funcionários da empresa que desfilavam na avenida, com uniforme e crachá, após a última escola de samba passar.  

Além da TV, a Revista Manchete (1952-2000), que era publicada pela Bloch Editores, fez uma cobertura especial do carnaval carioca na edição número 1665, no dia 17 de março de 1984, que dispensou muitos profissionais para trabalhar na longa cobertura do primeiro desfile da Sapucaí. Tanto que a chamada de capa teve a seguinte chamada na manchete: 'Samba 84 - O carnaval da Apoteose'.

O corpo editorial do revista semanal também não deixou de produzir também um apanhado geral dos bailes que ocorriam na 'cidade maravilhosa'.

Para ler este exemplar na íntegra, a reportagem do Memórias da Manchete e Grupo Bloch, disponibiliza abaixo um link que direcionará o leitor a hemeroteca digital mantida pela Biblioteca Nacional (BN).

Através desta plataforma  virtual, os leitores podem (re)ler notícias do carnaval daquela época além de outros fascículos da Bloch Editores: as revistas Manchete Esportiva e Manchete Rural, que também estão disponíveis no acervo da BN para consulta gratuita.



Expediente da Revista Manchete especial sobre o carnaval do Rio de 1984

Aconteceu,  virou Manchete - Para quem sente saudades do carnaval do Rio exibido pela TV Manchete (produzido pelo Estúdio News, departamento da emissora especializado em transmissões ao vivo, de cunho jornalístico).  Segue abaixo, o compacto dos desfiles de 1984.




Peça publicitária da época: Fita VHS da cobertura da Manchete no Carnaval de 1984
*Repórter com três coberturas na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro (2017, 2018 e 2019), tendo trabalhado correspondente do jornal O São Gonçalo (OSG), como freelancer para a Agência de Notícias das Favelas (ANF) e na produção do programa "Orel e Reshka" da televisão ucraniana Inter (vídeo abaixo) no desfile das campeãs pela Viradouro (então, a vice-campeã de 2019); sendo também um dos autores da série de reportagens especiais pelo OSG,  em 2017, referente aos 20 anos da Viradouro. Na época, esta série recebeu ´Moção de Aplausos' cedido pela Câmara Municipal de Niterói (o segundo vídeo abaixo é o trailer promocional desta série de reportagens). Além disso, cobriu o carnaval de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 2015, ano do último desfile das escolas de samba gonçalenses, produção foi realizado pelo coletivo audiovisual Somos Moinhos de Vento, do qual é um dos fundadores (a playlist abaixo é referente a esta cobertura). 

Em 2020, foi o autor da série Carnaval da Manchete a este blog, Memórias da Manchete e Grupo Bloch, onde buscou registrar o passado de coberturas da Manchete (TV e revista) no carnaval carioca mesclando com curiosidades e atualidades referente aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Carnaval da Manchete | Funcionários de Adolpho Bloch já tiveram um 'bloco' na Sapucaí

Funcionários desfilavam no 'bloco' da Manchete no final dos desfiles
das escolas de samba do Rio de Janeiro em plena Marquês de Sapucaí

Por Rennan Rebello*

No carnaval do Rio de Janeiro, o desfile das escolas de samba do Grupo de Acesso e Especial na Marquês de Sapucaí é muito tradicional e reúne profissionais de imprensa de diversas  partes do mundo, porém, talvez não nenhuma equipe que além de cobrir a folia carioca no sambódromo, também tenha 'desfilado' organizados como se fossem um bloco de carnaval como foi o caso dos funcionários da Rede Manchete (1983-1999), que nos primeiros anos de cobertura dos desfiles ao vivo (a partir de 1984) da Sapucaí, iam para a avenida do samba, no fim da cobertura especial, não para reportar, mas sim para desfilar no 'Bloco da Manchete' usando camisa e crachás da emissora do gráfico ucraniano Adolpho Bloch (1908-1995). 

No documentário 'Família Manchete' (disponível no Youtube e nesta publicação), a ex-operadora de caracteres do Estúdio News, responsável pelo jornalismo da TV Manchete, Suzane Halfoun, relembrou este episódio marcante na história da Passarela Professor Darcy Ribeiro, por onde anualmente desfilam as principais agremiações do Rio há 36 anos. 

"Os desfiles eram em um único dia, no domingo a noite, não é como hoje que são dois dias. Nós chegávamos por volta de 16h e o desfile duravam quase 24 horas e era uma única equipe. A gente tomava café, almoçava, ceava e enchia a cara de café porque a gente virava noite e não havia outra equipe pra nos render porque éramos consideradas especialistas em ao vivo. (...). Quando a última escola termina seu desfile. Nós funcionários da TV Manchete fechávamos o desfile na Marquês de Sapucaí. Todos nós com nossos crachás, era o 'Bloco da Manchete'. O povo carioca esperava que nós encerrássemos a nossa transmissão com o  nosso desfile e éramos aplaudidos por todos. (...) Isso é muito interessante o reconhecimento do público aos trabalhadores da TV Manchete (...). Eu desfilei por vários anos numa alegria sem com aquela camisa vermelha com o M em amarelo da Manchete e mandando beijo para o público aplaudindo a nossa equipe. Isso não tem preço", relembrou Halfoun, em entrevista concedida à produção da 'Família Manchete'. Segue vídeo da entrevista completa abaixo.




A reportagem de Memórias da Manchete e Grupo Bloch entrou em contato com Suzane Halfoun para saber mais detalhes sobre os bastidores do lendário 'Bloco da Manchete' no sambódromo. 

"Todos os funcionários do Grupo Manchete: televisão, rádio e revista (que trabalharam na cobertura do carnaval) participaram do 'Bloco da Manchete'. Eu não me lembro até quando a emissora desfilou porque fui trabalhar na Globosat em 1991. Eu era feliz e sabia", disse a ex-funcionária, que também relembrou um causo durante uma cobertura do carnaval da Manchete que envolveu o sobrenome de uma atriz da casa.

"Havia uma atriz chamada Cristina Prochaska, que estava em uma das novelas da emissora. Durante a transmissão de um desfile, o diretor gritou: "Fecha na Prochaska" ao cameraman. O câmera não teve dúvidas e deu um super close nas partes íntimas de uma mulher qualquer pois entendeu que "Prochaska" era sinônimo de outra coisa", relembrou aos risos a gafe do ex-colega cinegrafista.


Para quem quiser assistir ao documentário 'Família Manchete', na íntegra, além da entrevista com Suzane Halfoun, basta clicar no vídeo abaixo.




*Repórter com três coberturas na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro (2017, 2018 e 2019), tendo trabalhado correspondente do jornal O São Gonçalo (OSG), como freelancer para a Agência de Notícias das Favelas (ANF) e na produção do programa "Orel e Reshka" da televisão ucraniana Inter (vídeo abaixo) no desfile das campeãs pela Viradouro (então, a vice-campeã de 2019); sendo também um dos autores da série de reportagens especiais pelo OSG,  em 2017, referente aos 20 anos da Viradouro. Na época, esta série recebeu ´Moção de Aplausos' cedido pela Câmara Municipal de Niterói (o segundo vídeo abaixo é o trailer promocional desta série de reportagens). Além disso, cobriu o carnaval de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 2015, ano do último desfile das escolas de samba gonçalenses, produção foi realizado pelo coletivo audiovisual Somos Moinhos de Vento, do qual é um dos fundadores (a playlist abaixo é referente a esta cobertura). 

Em 2020, foi o autor da série Carnaval da Manchete a este blog, Memórias da Manchete e Grupo Bloch, onde buscou registrar o passado de coberturas da Manchete (TV e revista) no carnaval carioca mesclando com curiosidades e atualidades referente aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.



domingo, 23 de fevereiro de 2020

Carnaval da Manchete | Qual é o significado do arco da Praça da Apoteose?


Por Rennan Rebello*


Uma das perguntas várias já feitas, porém, sem nenhuma resposta conclusiva certamente é o significado do arco da Praça da Apoteose que fica depois da Passarela Professor Darcy Ribeiro, onde as escolas de samba desfilam pelo carnaval carioca, no complexo do sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Centro do Rio de Janeiro, construído em 1984, na gestão do então governador do Estado, Leonel Brizola (1922-2004), do PDT. A construção que foi projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) - que também projetou o clássico Edifício Manchete, no bairro Glória -  foi erguida em 1984, tendo a Rede Manchete (1983-1999), como a primeira emissora de TV a transmitir ao vivo diretamente da Sapucaí para todo o Brasil.


Para tentar responder esta pergunta, a reportagem do Memórias da Manchete e Grupo Bloch apurou bastante para tentar achar alguma explicação plausível e durante a pesquisa encontramos uma reportagem da TV Manchete (segue vídeo abaixo) explicando sobre o processo de construção do sambódromo e em sete segundos (no intervalo de tempo entre 01:02 até 01:09 minuto) surge uma peça publicitária indicando que o arco teria um formato de um pássaro que parece uma pomba branca vindo do horizonte e pousando na Praça da Apoteose, e o formato do arco nas laterais seriam as asas abaixadas desta ave e o pilar do meio seria o seu bico. 




Entrevista com Oscar Niemeyer publicada pela Revista Manchete. Edição: 1610  

Com isso, talvez, tenhamos derrubados alguns mitos sobre o significado do arco na Praça da Apoteose, tais como que o formato do arco seria um 'M' de Manchete, uma provocação do Brizola a  Rede Globo ou que esta construção teria o formato de uma mulher de biquíni. 

Para esclarecermos estas dúvidas, o Memórias da Manchete e Grupo Bloch, entrou em contato via e-mail com a Fundação Oscar Niemeyer, que respondeu da seguinte forma:

Prezado Senhor, Em resposta à sua solicitação envio, anexo, textos do arquiteto Oscar Niemeyer sobre o projeto. Atenciosamente.

Como no documento com as frases de Niemeyer não falava sobre o formato do arco da Praça da Apoteose ser um pássaro típico do Rio de Janeiro, o  Memórias entrou em contato mais uma vez com a Fundação que leva o nome do arquiteto e enviou o link da antiga vídeo reportagem da Rede Manchete, porém, até o momento não obtivemos resposta.

Contudo, publicamos abaixo, na íntegra, o conteúdo enviado pela Fundação Oscar Niemeyer sobre a construção do sambódromo da Marquês de Sapucaí e do arco da Praça da Apoteose.

Projeto Passarela do Samba [Sambódromo]. Rio de Janeiro, RJ 
Ano do projeto: 1983 
Arquiteto Oscar Niemeyer 
Textos do arquiteto sobre o projeto: 

"O projeto devolve ao povo o Desfile das Escolas de Samba. Para isso, os camarotes foram suspensos para a cota + 3, ficando o térreo - toda a área - entregue ao povão, como se diz. Acompanha o Desfile: de um lado, seis blocos de arquibancadas separados 30 metros com o objetivo de criar as praças populares. Do outro, um grande bloco de camarotes que segue até o fim o prédio da Brahma. 

Sambódromo e Praça da Apoteose. Foto: Fernando Maia/Riotur
Na parte final do Desfile, as arquibancadas se separam criando a grande praça, solução que dará ao Desfile uma nova possibilidade de dança, beleza e movimento. Sua monumental apoteose. Aí foi localizado o Museu do Samba, com seus largos degraus - o palco - abrindo para a praça e o Museu propriamente dito para a Rua Frei Caneca. É o fecho da composição que um grande arco assinala, suspendendo a placa de som. 

Mas o programa da Passarela não previu apenas os festejos do carnaval. Para os outros dias estarão funcionando seis grandes escolas, creches, centros de saúde, ateliers de artesanato, etc. E a praça, a grande praça, servindo a espetáculos de balé, teatro, música popular, comícios, etc. Tudo isso vai conferir ao empreendimento um caráter humano e cultural inesperado, qualificando-o como um dos mais importantes centros de cultura do país."  *1   
"A Passarela do Samba apresenta a meu ver dois aspectos fundamentais. Um, é a sua transformação numa obra cultural, com escolas para 16 mil alunos, creches, zonas artesanais e a grande praça destinada a espetáculos de teatro, música, balé etc. Metamorfose que devemos ao espírito inquieto e criativo de Darcy Ribeiro que elaborou o programa, permitindo levar para aquela área não apenas a Passarela do Samba que afinal sempre lhe pertenceu, mas também os instrumentos de lazer e cultura que lhe faltavam. Com isso a Passarela do Samba assumiu outro conteúdo, e se fez mais humana como toda obra de caráter coletivo deveria ser. 

Organizado o projeto, fixada a solução arquitetural, a grande praça por razões diversas, de espaço vital principalmente passou a constituir um prolongamento natural da Passarela. Daí surgindo a idéia de nela a inserir, enriquecendo os desfiles, fazendo-os mais criativos e atraentes. 
O outro aspecto, para mim igualmente importante, num país como o nosso, cheio de incompreensões e desesperança, foi a construção da Passarela em 4 meses apenas - tempo recorde - e, o que é surpreendente dentro da técnica construtiva mais apurada, mostrando a todos o progresso da nossa engenharia e como dele se servem os nossos engenheiros quando um problema os convoca e, num desafio, nele passam a atuar. E aí cabe lembrar a contribuição de José Carlos Sussekind, responsável pelos cálculos estruturais - tantas vezes contestados! - e por ele tão bem defendidos e estudados. 

O meu trabalho, a minha modesta contribuição, foi mais fácil de realizar. Embora o tempo fosse curto demais e o tema pouco generoso para os devaneios da arquitetura. 
Sobre as críticas ocorridas, ridículas demais para as levar a sério, nada tenho a dizer. Lamento apenas o silêncio dos órgãos de classe conhecedores do problema e que sobre os mesmos deveriam se manifestar. 
Mas o importante é a (praça) Passarela concluída, correta, irrecusável, prestes a criar os grandes espetáculos para os quais foi concebida." *2 
  
"Como aconteceu com Brasília, a Passarela dos Desfiles foi inaugurada na data prevista. Construída em tempo recorde - três meses e meio apenas - ela representa um exemplo irrecusável do progresso da nossa engenharia. Não se restringe ao carnaval propriamente dito. Graças a Darcy Ribeiro a Passarela dos Desfiles assumiu uma nova dimensão, levando para aquela área não apenas os desfiles carnavalescos que já lhe pertenciam, mas um novo complexo cultural e artístico de maior importância. Tudo isso explica o projeto que atendendo ao programa compreende a passarela, escolas, creches e uma grande praça destinada a espetáculos de balé, música, teatro etc. Uma praça como outra não existe no país: uma praça que nada tem a ver com a passarela, mas que nela poderá se inserir se para isso prevalecerem o empenho e poder criativo das Escolas se Samba. 

Quanto ao meu trabalho, ele se minimiza diante da grandeza técnica da obra; da atuação exemplar de Darcy Ribeiro, modificando o programa, preocupado como sempre foi com os problemas culturais e artísticos, entre nós, nem sempre bem atendidos, do entusiasmo com que a ela engenheiros e operários se dedicaram abnegadamente. 

Arco da Praça da Apoteose
Foto: Michel Moch/niemeyer.org.br

Fiz o que me foi possível dentro de um programa limitado de arquibancadas, de um terreno exíguo demais e um complexo inusual no qual arquibancadas e escolas deveriam se adaptar harmoniosamente. 

E me esmerei nas estruturas e no Museu do Samba, que com seu grande arco representa o fecho da composição, procurando dar ao projeto aspecto diferente, capaz de criar surpresa e com ela acentuar o sentido monumental e festivo da composição.

O resto é a satisfação da obra concluída; o apoio que deu o Governador Brizola; o comando incansável de Darcy; a colaboração técnica de José Carlos Sussekind; a dedicação de João Brizola e seus companheiros de equipe e o esmero com que em tempo tão curto as firmas construtoras a realizaram. 
E isso sem esquecer meus companheiros de trabalho, o mural de Marianne Peretti e os azulejos de Athos Bulcão, que tanto enriquecem o museu. Oscar Niemeyer."  *3 
  
  
"E tinha razão o meu querido amigo. Quantas perfídias fizeram contra esses projetos! Quantos romances e mentiras inventaram tentando torpedeá-los! Primeiro, que não haveria tempo de concluir o Sambódromo. Depois, que havia problemas técnicos nas suas estruturas; que um rio corria sob as arquibancadas e que choveria muito e nada poderia ser realizado. Até para São Pedro apelaram! 
Correu tudo ao contrário. Projetadas pelo José Carlos Sussekind, as estruturas eram perfeitas. Não choveu, como gostariam; o rio… era um pequeno córrego que nenhum obstáculo criou e as obras se realizaram admiravelmente, terminando, como Brizola e Darcy desejavam, no prazo fixado. 
E aí está o Sambódromo, pronto para receber 120 mil pessoas, e a praça da Apoteose - que Darcy imaginou - com seu belo arco de concreto a marcar o fecho da composição. O que ninguém comentou, porque não gostariam de aplaudir o nosso amigo, foi a idéia do Darcy de criar salas de aulas sob as arquibancadas. Arquibancada-escola para 15 mil alunos! 'Nunca vi coisa igual', declarou entusiasmado o ministro da Cultura da França, Jacques Lang."  *4 
  
  
  "No que concerne a arquitetura, o mais importante foi, primeiro, encontrar uma solução inusitada para a integração das salas de aula e das tribunas. Uma solução simples e funcional com o objetivo de não comprometer a unidade. Em seguida, dar ao conjunto um sentido plástico, inovador, qualquer coisa capaz de marcá-lo como o novo símbolo dessa cidade. Isso explica o Museu do Samba, o painel de Marianne Peretti, os mosaicos de Athos Bulcão, o grande arco, esbelto e elegante, lançado no espaço como o concreto armado permite. E tudo isto conferiu à Praça da Apoteose, que os grandes espaços tornam monumental, uma nova dimensão arquitetônica, e esse nível de bom gosto, fantasia e invenção inerente a toda obra de arte."  *5 
  

*1 NIEMEYER, Oscar, SUSSEKIND, J.C. A Passarela do Samba. Módulo, Rio de Janeiro, n.78, p.18. dez.1983.  
  
*2 REVISTA SEAERJ. Rio de Janeiro: SEAERJ, fev.1984. 19p. Edição Especial. 
  
*3 NIEMEYER, Oscar. [Passarela do Samba]. Revista do Brasil, Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.88, 1984. 
  
*4 NIEMEYER, O. As Curvas do Tempo. Memórias. Rio de Janeiro: Revan, 1998. 294p. p. 37-38 
  
*5 PETIT, J. Niemeyer Poeta da Arquitetura. LuganoFidia Edizioni d'Arte, 1998. p. 46 


*Repórter com três coberturas na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro (2017, 2018 e 2019), tendo trabalhado correspondente do jornal O São Gonçalo (OSG), como freelancer para a Agência de Notícias das Favelas (ANF) e na produção do programa "Orel e Reshka" da televisão ucraniana Inter (vídeo abaixo) no desfile das campeãs pela Viradouro (então, a vice-campeã de 2019); sendo também um dos autores da série de reportagens especiais pelo OSG,  em 2017, referente aos 20 anos da Viradouro. Na época, esta série recebeu ´Moção de Aplausos' cedido pela Câmara Municipal de Niterói (o segundo vídeo abaixo é o trailer promocional desta série de reportagens). Além disso, cobriu o carnaval de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, em 2015, ano do último desfile das escolas de samba gonçalenses, produção foi realizado pelo coletivo audiovisual Somos Moinhos de Vento, do qual é um dos fundadores (a playlist abaixo é referente a esta cobertura). 

Em 2020, foi o autor da série Carnaval da Manchete a este blog, Memórias da Manchete e Grupo Bloch, onde buscou registrar o passado de coberturas da Manchete (TV e revista) no carnaval carioca mesclando com curiosidades e atualidades referente aos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.



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